O trade turístico brasileiro está otimista com o verão da virada 2023-2024. A estação, que atrai um grande número de visitantes internacionais para o país, começou no último dia 22, mas tem no mês de janeiro seu período mais forte para o mercado nacional. De acordo com o Painel de Dados da Embratur, o número total de assentos em voos para o mês de janeiro será de 1.421.301 para 6.103 voos.
Além disso, um levantamento da agência aponta que seis capitais terão aumento no fluxo de turistas internacionais em janeiro de 2024 em relação ao mesmo mês deste ano. Cidades como Natal (RN) e Salvador (BA) terão aumento de 26,6% e 24,7% no número de estrangeiros, respectivamente. Manaus (AM) terá 23,7%, Rio de Janeiro (RJ), 19,9%, São Paulo (SP), 17,7%, e Recife (PE), 6,7%.
Saindo dos números e conversando com quem entende, o presidente da União Nacional de CVBs e Entidades de Destinos (Unedestinos), Toni Sando, está entre os que veem o potencial econômico do próximo mês para o Brasil. “Os números já comprovam o otimismo do setor. Todos os movimentos estão favoráveis para que o turismo possa voltar a ter seu papel de destaque no mercado nacional”, afirma.
De acordo com Sando, os trabalhos da Embratur durante o ano de 2023, com a presença em feiras, montagem de exposições como a Visit Brasil, acordos com companhias aéreas internacionais para aumentar a conectividade, além de campanhas publicitárias voltadas para turistas europeus, norte-americanos e latinos, têm dado resultado. “O Brasil está voltando às prateleiras das operadoras, e trazendo o estrangeiro pra cá. Isso vai ser positivo para todos”, avalia.
Entre os maiores visitantes, o presidente da Unedestinos destaca os argentinos. “O trabalho que foi feito na Argentina recentemente já tinha criado um grande estímulo de venda de produtos para cá. Estamos otimistas que o Brasil volte em destaque nas prateleiras de produtos de países vizinhos e para a Europa e Estados Unidos, para atraí-los também nas próximas temporadas”, opina.
Um desafio que Sando aponta é fazer o brasileiro viajar mais para dentro do país. “O trade também precisa fazer a sua parte, criando produtos, fazendo atrativos. Para mostrar para o brasileiro como é bom viajar por aqui. A gente costuma dizer que o Brasil não conhece o Brasil. Precisamos estimular o brasileiro a viajar por aqui, pois o país tem muitas atrações a serem descobertas”, lembra.
Cenário de confiança
Para a presidente da Associação de Marketing Promocional (Ampro), Heloisa Renata de Santana, o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional referente à Covid-19 e a recuperação da confiança na segurança sanitária também ajudará o setor. “Com a gradual recuperação global do setor após os desafios da pandemia, existe uma previsão de aumento de turistas estrangeiros ao país”, aponta.
De acordo com Heloisa, é importante que, no período, os governos possam garantir políticas públicas de segurança e infraestrutura turística, como serviços de hospedagem e logística, por exemplo. E a sustentabilidade, lembra a presidente da Ampro, segue como fator decisivo na atração de turistas. “E a burocracia é um dos aspectos desafiadores para a excelência em atratividade do turismo internacional para o Brasil”, alerta.
Turismo de negócios
Até mesmo o setor de turismo de negócios terá movimentação em janeiro, conforme destaca o presidente da União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios (Ubrafe), Paulo Ventura. Ele destaca que, apesar de uma percepção geral de que os meses de janeiro e fevereiro seriam fracos para o segmento, a realidade “não é bem assim”. “Em janeiro, temos feiras de ponta que são verdadeiros ‘abre alas’ da economia brasileira”, diz.
“Começamos o ano com Couromoda e o CIOSP [Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo], por exemplo. Sendo que o congresso está na sua 41ª edição e conta com cerca de 300 expositores de todo o mundo em quatro dias de evento. A expectativa de público gira em torno de 25 mil pessoas. Para quem pensa que eventos de lançamento de novo iOS não acontecem nas chamadas ‘férias’, está redondamente enganado. E assim como estes exemplos, o mercado MICE deve movimentar e muito os espaços no Brasil”, elenca.
Ventura aponta como desafio o fim da ideia de que “o Brasil só funciona depois do Carnaval”. Mas ele está otimista com a mudança. “O que não ajuda nosso calendário é a flutuação da data do Carnaval. Quem sabe estudar uma data fixa não ajudaria todo mundo a planejar melhor seus eventos”, propõe.